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Archive for May, 2007


Homem-Aranha 3 lota salas de exibição do mundo inteiro e, em sua primeira semana, já bate recordes de bilheteria

 Por Iran Schleder

Em exibição simultânea em 31 salas de cinema de Curitiba (isso nunca havia acontecido antes na cidade) e com cerca de US$ 300 milhões gastos em sua produção, Homem-Aranha 3, tornou-se o filme mais caro da história do cinema. O último filme da trilogia também vem batendo recordes atrás de recordes de bilheteria em diversos países da Ásia à América do Sul, e se torna um significante exemplo para o público questionar o mundo em que vivemos influenciados por imagens e espetáculos de todas as partes.

 

O próprio roteiro da terceira edição do filme e a história do personagem Peter Parker (Tobey Maguire) dá sinais de discussão da questão. Por que esta fantástica popularização de Homem-Aranha no mundo inteiro, num filme que arrecadou em seu primeiro dia de estréia na América do Norte mais de US$ 59 milhões?  

 

O segredo dessa identificação popular pode ser que os super-heróis antes da criação de “Homem-Aranha” na década de 60 possuíam características distantes de seu público, sempre perfeitos e politicamente corretos. Isso até surgir Peter Parker, um jovem órfão, nerd, cheio de insegurança e questionamentos de toda ordem. O mesmo acontece conosco que vivemos num tempo complexo, mesclado de espetáculos naturais e artificiais, contido num mundo de culturas que sofrem intensas mutações. O fato se repete com o personagem que se transforma em Homem-Aranha, fruto do sentimento da culpa que carrega pela morte de seu tio Bem.

 

Também nos anos 60 o conceito de Sociedade do Espetáculo é criado: a gênese do pensamento contemporâneo sobre a questão do espetáculo tem suas raízes no pensador situacionista pós-marxista francês Guy Debord (1931-1994) e em seu livro – A sociedade do espetáculo – escrita em 1967. Nele Debord critica a todo e qualquer tipo de imagem que leve o homem à passividade e à aceitação dos valores preestabelecidos pelo capitalismo sem refletir sobre a singularidade de pensamento e realidade do homem pós-moderno. O mesmo pode ser dito do personagem Homem-Aranha no terceiro filme da trilogia da série. Nele o embate interno de Peter Parker  é o ponto alto de “Homem-Aranha 3” e um dos melhores momentos da série dirigida por Sam Raimi – saudada pelos fãs como uma das melhores adaptações das histórias em quadrinhos de super-heróis para o cinema de todos os tempos.

Homem-Aranha e a Sociedade do Espetáculo

No início da trama, Homem-Aranha tornou-se uma vítima do próprio sucesso. Ele continua a ser um nerd, mas pela primeira vez tem ao seu lado a garota que ama e torna-se uma celebridade adorada pelos nova-iorquinos (adoração que o personagem nunca alcançou nas histórias em quadrinhos). A fama repentina sobe à cabeça de Parker e atrapalha seu relacionamento com Mary Jane, que passa por uma fase de decadência profissional. O deslumbramento de Parker com a fama e os problemas com a namorada lançam o herói numa jornada em direção ao pior de si mesmo, que é rapidamente intensificada com a aparição de uma criatura que passa a viver em simbiose com o organismo do Homem-Aranha. Mas afinal, o que isto tudo tem haver com a sociedade do espetáculo?

 

O filme que mais arrecada bilheteria na história e levam milhões de fãs a consumirem fortunas em sulvenirs do aracnídeo hollywoodiano também é uma grande meta narrativa do que acontece com o homem de hoje. Pela mediação das imagens e mensagens dos meios de comunicação de massa, os indivíduos em sociedade abdicam da dura realidade dos acontecimentos da vida, e passam a viver num mundo movido pelas aparências e consumo permanente de fatos, notícias, produtos e mercadorias. A sociedade do espetáculo é o próprio espetáculo, a forma mais perversa de ser da sociedade de consumo. Porém, isto não quer dizer que devemos nos afastar, envaidecidos, da sociedade – como o próprio Homem-Aranha no filme –, mas sim, refletir com a ajuda da história do personagem sobre as questões que realmente são importantes para nós enquanto seres humanos, sem super-poderes ou cachês milionários.

 

O espetáculo, conforme diz Debord, consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. Os meios de comunicação de massa são apenas “a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores”.

 

O consumo e a imagem ocupam o lugar que antes era do diálogo discutido no seio familiar e produz o isolamento e a separação social entre os seres humanos. Assim, pode-se dizer que “o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida social como simples aparência, atingindo a crítica que aflige a verdade do espetáculo e o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível”.

 

Ao que tudo indica o espetáculo do Homem-Aranha ainda continua e os fãs que lotam as salas de cinema de Curitiba à Pequim já podem comemorar e aguardar outra possível continuação. O diretor Sam Raimi disse ter interesse em fazer um “Homem-Aranha 4”, mas a a presença de Tobey Maguire como protagonista não está confirmada. O ator desconhecido que chegou a astro depois da trilogia chegou a revelar à imprensa australiana, que “Homem-Aranha 3” seria seu último filme na pele do herói. Basta, agora, a Sam Raimi administrar este incrível poder de fazer fortunas que a trilogia do Homem-Aranha proporcionou aos cofres da Columbia Pictures e decidir se esta história acaba ou não. Como diria o Tio Ben a Peter Parker nos quadrinhos: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”.

Recordes

Com cerca de US$ 300 milhões gastos, “Homem-Aranha 3”, tornou-se o filme mais caro da história do cinema. O longa-metragem bateu o recorde de US$ 207 milhões do remake King Kong (2005), de Peter Jackson.

“Homem-Aranha 3” se tornou o filme que mais arrecadou em seu primeiro dia de estréia na América do Norte, ao chegar a US$ 59 milhões. Até agora o filme que detinha este recorde era “Piratas do Caribe: O Baú da Morte”, com US$ 55,8 milhões.

Uma das marcas inéditas foi obtida antes mesmo da primeira exibição – o filme foi distribuído por 4.252 salas de cinema nos EUA, superando as 4.163 de Shrek 2, em 2004.

No Japão, o primeiro dia de sessões bateu os 415 milhões de ienes, equivalente a 3,47 milhões de dólares.

O filme “Homem-Aranha 1”, que estreou em 2002, arrecadou US$ 39 milhões no primeiro dia, e dois anos depois, a continuação obteve US$ 40,4 milhões na estréia.

“Homem-Aranha 3” bateu recordes de bilheteria nos primeiros dias de exibição na China, onde o governo limita o número de filmes estrangeiros a 20 por ano nos cinemas e a pirataria costuma dizimar a arrecadação.

Ainda na China, nos cinco primeiros dias de projeção, “Homem-Aranha 3” arrecadou US$ 8,4 milhões e deve virar o filme estrangeiro que mais arrecadou nos cinemas chineses em todos os tempos.

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Por Iran Schleder

Os Estaduais que acabaram neste mês de maio no país causando sorrisos largos em uns e resignação e tristeza em outros, nesses momentos de “gangorra da paixão pela bola” servem como uma grande vitrine para analisar como será o Campeonato Brasileiro que iniciou do fim de semana do Dia das Mães. De decisões nos pênaltis à viradas históricas, o futebol brasileiro mostra mais uma vez ao mundo porque é o mais amado e vitorioso de todos os tempos. É claro que muitos torcedores, aqueles que viram seu time sucumbir na fase final ante ao arqui-rival ainda curam, amargurados, as cicatrizes da derrota quando o gosto da vitória parece escapar-lhe dos lábios, mas também servem de consolo para vislumbrar para se comportará sua equipe no Brasileirão 2007.

 

No Rio de Janeiro, se há deuses do futebol e há coisas sobre os gramados que a lógica não explica, as milhares de preces dos rubro-negros da Gávea teve um nome: Bruno. O goleiro flamenguista só faltou chover no Maracanã na enfartante disputa de pênaltis que coroou o Flamengo campeão carioca.  O Flamengo, sexto campeão carioca da história que não venceu nenhum clássico para chegar à conquista, venceu um poderoso Botafogo que vem sendo considerado um dos melhores times do Brasil com um futebol rápido e envolvente. É por essa e tantas outras que o futebol fascina, porque nem sempre o melhor vence. Destaque para Bruno que há um bom tempo já está dando alegrias à maior torcida do Brasil.

 

Em São Paulo, o artilheiro Somália (13 gols) do São Caetano não conseguiu furar o esquema defensivo do Santos armado pelo técnico Luxemburgo (seu sétimo título estadual) e sentiu o troféu fugir pelos dedos. Depois da vitória de 2 a 0 no primeiro jogo a equipe do interior paulista até podia perder por um gol de diferença que seria campeão. Mas o Santos conquistou seu 17º título estadual ao devolver a derrota por 2 a 0 que havia sofrido, e levou a melhor na briga com o São Caetano pelo Campeonato Paulista. Méritos para o Peixe que conquistou o 17º título estadual de sua história. Pela primeira vez na história do Paulistão uma equipe conseguiu reverter o resultado depois de perder o primeiro jogo por dois gols de diferença.

 

O grande nome do time neste campeonato foi o meio-campista Zé Roberto que conquistou seu primeiro título no Brasil. Apesar da euforia, o meia santista pode deixar o clube no meio do ano. O camisa 10 só vai discutir sua situação após a disputa da Copa Libertadores. O craque, se realmente sair da Baixada Santista, vai fazer falta para o Santos no Campeonato Brasileiro. A pergunta que fica é: O Peixe que começara o Brasileirão será o mesmo após a abertura da janela européia? O tempo responderá a isso.

 

Em Minas o Atlético Mineiro colheu os frutos da goleada de 4 a 0 no primeiro clássico da decisão contra o Cruzeiro e se deu ao luxo de perder por 2 a 0 para, ainda assim, levantar o caneco. Com 39 conquistas, o Galo é o maior vencedor na história do Estadual. Quebrou o jejum de quase sete anos sem o caneco mineiro e recuperou de vez a auto-estima, já resgatada com a volta por cima que deu em 2006. Agora, é dar seqüência ao bom trabalho e, mesmo que Levir Culpi venha deixar o clube, voltar a se impor na Série A nacional.

 

Na Bahia, terra de Castro Alves e do candomblé, o Vitória aproveitou os vários tropeços do Bahia durante o Campeonato e conquistou o Campeonato Estadual com uma rodada de antecedência. A conquista devolve à dupla Ba-Vi a hegemonia do futebol baiano, uma vez que a edição do ano passado do Estadual havia sido vencida pelo Colo-Colo. Campeão em 2005, o Vitória voltou a triunfar e chegou à sua 23ª conquista.

 

Em Goiás, o Atlético-GO derrotou o Goiás por 2 a 1 e se sagrou campeão goiano de 2007. O título não era conquistado pelo time rubro-negro há 19 anos. Com o título conquistado o Atlético agora acumula 10 conquistas no Estado, contra 21 do Goiás, campeão no ano passado. Agora, a equipe rubro-negra se volta para a disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, enquanto que o time esmeraldino tenta repetir as boas campanhas das últimas temporadas na Série A. Destaque para o moleque, Fábio Oliveira, do Atlético Goianiense, que certamente vai parar em algum time da série A. Não é possível que ninguém tenha visto o quanto o atacante rubro-negro do planalto é eficiente e polivalente. Faz gol de tudo quanto é jeito e ajudou o Atlético Goianiense a colocar de pé o projeto de retomar uma trajetória de glórias regionais e nacionais. Não é o único tradicional time brasileiro que tenta sacudir a poeira e dar a volta por cima na elite do futebol brasileiro. É difícil, pois as diferenças financeiras atrapalham o pessoal que buscam a morada no andar de cima, quando os habitantes das coberturas se recusam a pegar o elevador e descer para a garagem. Mas sonhar com os pés no chão não custa nada.

 

Em Santa Catarina, a Chapecoense empatou por 2 a 2 com o Criciúma no segundo jogo da decisão, na casa do adversário, e conquistou o Campeonato Catarinense de 2007. O troféu é o terceiro da história da equipe, que não vencia a competição há 11 anos. Foi surpreendente o desfecho do Campeonato Catarinense, pois parecia que o Criciúma faria a diferença ao jogar em casa com a Chapecoense. Mas deu empate: 2 a 2. Como a Chapecoense venceu em casa por 1 a 0, o título ficou com ela. E o Tigre junta os cacos de olho na Série B.

 

Os campeonatos estaduais deveriam servir para preparar os times para o Campeonato Brasileiro, porém, para muitos deles, não serviram. O Inter, atual campeão mundial, mudou de técnico antes mesmo do início do Brasileirão. O Corinthians não só mudou de técnico como está contratando jogadores às pencas para montar um novo time para o campeonato nacional. Vasco e Fluminense também estão com técnicos novos. Cruzeiro idem. Contratou Dorival Junior, vice-campeão com o São Caetano. E por aí vai: Goiás, América potiguar, Sport, Náutico, todos com novos treinadores.

 

Enfim, os Estaduais não só não servem como paradigmas para saber o que esperar das equipes no Campeonato Brasileiro, competição por pontos corridos que exige planejamento de longo prazo e elenco correspondente, como nem sequer serviram para dar padrão e unidade para muita gente (pelo menos a metade dos 20 competidores). Se o Campeonato Brasileiro já está com toda a cara de vir a ser muito equilibrado, mais claro ainda está que muitos times só ganharão entrosamento no correr de suas rodadas, o que embute um perigo danado. Vamos esperar pra ver.

 

 

 

Depois da festa do campeonato, Paranavaí desmancha equipe

 

O time do Paranavaí acabou com um tabu que durava 30 anos ao derrotar o Paraná Clube nas finais do campeonato Estadual e ganhou seu primeiro título da história. A última conquista de um time do interior sobre uma equipe da capital paranaense foi em 1977, na vitória do Grêmio de Maringá sobre o Coritiba. O título também pôs fim a outro jejum dos times do interior. Desde 1992 nenhuma equipe de fora de Curitiba se sagrava campeã. Naquele ano o Londrina derrotou o União Bandeirante na final.

 

Contudo, a festa do time do interior e da comissão técnica do ACP depois do título inédito parece que será relegada a planos mais pragmáticos por parte da direção do clube. A diretoria do Vermelhinho busca novos jogadores para compor o escrete que disputará a Série C do Campeonato Brasileiro deste ano.

 

De acordo com a diretoria, pelo menos 15 jogadores do elenco de 22 devem sair, o que dá aproximadamente 80% dos atletas do time. O motivo é elementar: outros clubes estão oferecendo salários altos, impossíveis de serem bancados pelo ACP. Vemos com essas informações e pelas regras do mercado da bola que o “desmanche” do elenco campeão paranaense é inevitável. Vamos esperar para ver e torcer para que o ACP se saia bem na Série C.

 

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